sábado, 4 de novembro de 2017

Nunca interessará gente como Jorge Coroado!...


"Agarrem-me senão vou-me a eles!"

O anúncio de paralisação, proferido tipo puto de rua, redundou em mão-cheia de nada


«"Ufa, ainda bem que a Liga veio em nosso auxílio", terá pensado o presidente da APAF após a resolução do imbróglio criado com o anúncio de PARALISAÇÃO e não de GREVE (Greve, direito constitucionalmente consagrado - Art.º 57º da CRP -, consubstancia-se na liberdade concedida de abstenção colectiva e concertada da prestação do trabalho, através da qual os "trabalhadores subordinados" - que os árbitros não são - buscam exercer pressão com propósito de realização de certo objectivo de interesse comum). Como expectado, o anúncio de paralisação, proferido tipo puto de rua ("Agarrem-me, agarrem-me, senão vou-me a eles!"), redundou em mão-cheia de nada. Atente-se na declaração, eivada de alívio, do dirigente de classe: "Os árbitros aceitaram e foram sensíveis ao pedido da Liga para retirar o pré-aviso de greve... deu finalmente um sinal de que está com os árbitros e de que não está de acordo com os métodos de comunicação que alguns clubes têm vindo a utilizar"; declaração entendível como: "Agradecemos à Liga a ajuda dada na resolução de um problema por nós criado e que, reconhecemos, preservando a dignidade daqueles que representamos e em nome dos quais falámos, não saberíamos resolver." As razões aduzidas para a falhada paralisação conflituavam sobremaneira com o disposto nos artigos 37.º e 38.º da nossa "magna carta", atentando contra liberdade de expressão e informação, Imprensa e meios de comunicação social, cavalgando crescente tendência para reintrodução do lápis azul. Ao invés de anúncio de paralisação, seria mais sensato afirmação do género: "Os árbitros não se identificam com o ultimamente referido envolvendo a arbitragem. Esperamos e desejamos que as anunciadas investigações em curso sejam concretizadas e esclarecedoras, findas as quais, independentemente das conclusões, nos reservamos, nos termos do que vier a ser apurado, o direito de agirmos em conformidade com a lei."»
(Jorge Coroado, Opinião in O Jogo)


Por vezes interrogo-me como tem sido e continua a ser possível que aquele que ainda hoje continuo a considerar o melhor árbitro português que conheci ao longo de toda esta minha já longa jornada, depois de terminada a sua brilhante carreira nos relvados - com erros como todos, mas com estrutura intelectual e probidade de carácter para os reconhecer, como a sua célebre "azia de Chaves"! -, detentor de superiores atributos culturais e de profundos conhecimentos de todas as matérias relacionadas com a sua causa de sempre, nunca foi aproveitado para oferecer a sua decerto valiosa contribuição a um futebol português de onde desgraçadamente todos os dias nos chegam exemplos arrepiantes de uma mediocridade inclassificável e dos mais degradantes exemplos de ausência completa de carácter e verticalidade!...


Se porventura algum dia me sentisse o alvo de uma crónica como a que ontem Jorge Coroado escreveu e publicou, apenas me restaria um caminho. Mas o absurdo estará exacta e rigorosamente neste ponto nevrálgico e decisivo: é de crer que ao promíscuo e nauseabundo pântano do futebol português...

Nunca interessará gente como Jorge Coroado!...

Leoninamente,
Até à próxima

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