quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Curiosamente, o benefício e o prejuízo tocam sempre aos mesmos!...


DECISÕES DIFÍCEIS

«Oleiros quer receber o Sporting em casa. E bem. A festa da Taça quer-se jogada perto do povo. É legítimo e de louvar o esforço que a Câmara local e as suas gentes estão a fazer para ter um dos grandes mesmo ali à porta. Já os leões querem jogar noutro lado. E bem. Quem gasta milhões em profissionais não pode levá-los de ânimo leve para um campo sintético. O central Hugo pagou bem caro esse risco há anos, quando no relvado (também sintético) do 1.º de Dezembro o azar bateu à porta. As consequências para a carreira foram evidentes. Não queria estar na pele de quem decide, confesso. A defesa do costume e essência popular do futebol ou a salvaguarda da integridade física dos profissionais?

O processo do IPDJ a Fernando Madureira é, mais do que legítimo, uma obrigação. Mostra bem a vantagem de as claques terem um líder, um rosto. Para que sejam responsabilizados. Infelizmente, ao mesmo tempo mostra como um organismo do Estado tem sido instrumentalizado e incapaz de fazer cumprir a lei no caso das claques do Benfica, que até o vice-presidente da AG reconhece. Triste.

Difícil a vida para Adrien. Pena que seja o jogador a pagar o erro. O impacto que a decisão da FIFA tem na vida do médio, mais até do que na do clube, devia levar o Leicester ao TAS. Há decisões que devem ser combatidas. Um abraço a Adrien, que se vê impedido de fazer o que mais gosta pela incompetência de outros.»
(Bernardo Ribeiro, Saída de Campo, in Record)

Também eu confesso que "não queria estar na pele" de quem há-de decidir o caso de Oleiros! Os riscos de acontecer um infortúnio semelhante ao que acabou, mais cedo do que seria expectável, a carreira do central Hugo, não poderão ser escamoteados. E a danada da Lei de Murphy parece andar sempre atrás das portas! O caso exigirá algo mais do que coragem e duvido se mesmo essa não virá a ser sacudida como "água de capote"...

Mas quando me vem à memória o silêncio que envolveu todos os jogos realizados no estádio do Bessa, antes da substituição do sintético pelo actual relvado natural e continua a envolver os jogos de vários campeonatos e até mesmo da Liga dos Campeões e Liga Europa realizados em pisos sintéticos por essa Norte da Europa fora, acusar-me-ia a consciência se alinhasse pelo diapasão com que vejo agora os dirigentes do Sporting e não só, argumentar contras, sem colocarem os devidos prós no outro prato da balança. Pois, Oleiros será apenas uma vilazita com menos de 2.000 habitantes...

Contudo, na minha modesta mas nunca ingénua opinião, o que estará verdadeiramente em causa será a equidade dos critérios de avaliação pelas autoridades competentes, dos recintos desportivos em causa. Não sei e muito poucos saberão, pelo simples facto de as razões não terem sido expressa, detalhada e publicamente divulgadas, os motivos que levaram a que o Lusitano de Évora não recebesse o Porto no Campo Estrela e acabe por fazê-lo a mais de 130 quilómetros, no estádio do Restelo. Até parecem outros que foram de excursão até ao estádio do Algarve, com toda a gente a aplaudir os "campeões da trafulhice"! Bastará também reparar na disparidade dos "timings" para que as pulgas nos comecem a incomodar na parte de trás das orelhas. No futebol como em todo e qualquer contexto, nunca poderão coexistir tratamentos diferenciados entre filhos e enteados!...

Para além do mais, acresce que ninguém acreditará no facto de poder existir uma câmara municipal deste país, capaz e disposta a arriscar um investimento de mais de meia centena de milhares de euros em melhoramentos de um estádio, se não tivesse recebido por parte da autoridade que procedeu à primeira vistoria, garantias plenas de aprovação do recinto depois de efectuadas as melhorias. Haverá muita coisa que não foi, mas que deveria ter sido suficiente e cabalmente explicada. Mas parece que no futebol português muita coisa ficou no passado por explicar, continua a ficar nos dias de hoje e ficará inexoravelmente amanhã!...

Curiosamente, o benefício e o prejuízo tocam sempre aos mesmos!...

Leoninamente,
Até à próxima

3 comentários:

  1. O problema MAIOR, em Portugal, e o desporto não foge à regra.... é decidir-se, qualquer coisa, quando ela acontece. Isto só abona em prol da INCOMPETÊNCIA de quem legisla... Como não há regra feita qualquer decisão é susceptivelmente contrariavel... logo questionável...

    Para quando alguém que pense nas coisas séria e eficazmente... Vai ser preciso nascer... DEZ vezes...

    Pobre Portugal este em que nos encontramos...

    SAUDAÇÕES LEONINAS

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  2. Não sendo minimamente conhecedor do que são pisos sintéticos, sei que há vários tipos, consoante a qualidade de relva natural que incorporam.
    Sei, também, que quanto menos relva natural houver, maior é o risco de lesão para os atletas com "músculos habituados a relva natural" e fiquei a saber que, no jogo em que se lesionou Hugo, atletas houve que jogaram de sapatilhas, outros com botas de pitons.

    Penso que todos (FPF, Clubes e, até, representantes da CM Oleiro) sentados à mesa e com boa vontade, encontrarão uma solução para o problema.
    Pergunto-me se no Fundão, em Sertâ, em Castelo Branco não haverá um estádio com um relvado decente e uma bancada razoável -além de que, de Oleiros ao Fundão são, quê, 30 Km?

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  3. Os relvados sintéticos em que o Hugo se lesionou não têm nada a ver com os que há hoje.
    A esmagadora maioria dos jogos nos escalões de formação são jogados em sintéticos. Será que a saúde dos miúdos não interessa a ninguém ou será que os sintéticos não são esse diabo que se pinta?
    Como em todos os relvados também há sintéticos maus e bons. Num relvado natural mau também existe uma enorme probabilidade de um jogador se lesionar (O Gauld pode confirmar).
    Eu por mim prefiro "lutar" pela fiscalização efectiva e rigorosa da Liga e FPF a todos os relvados do que esta "cruzada" contra relvados sintéticos.

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