quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Tropeçar no arranque não seria nada positivo!...


«Os primeiros jogos oficiais do Sporting esta época saldaram-se por duas vitórias e um empate e mostraram uma equipa sólida defensivamente mas com grandes problemas em criar oportunidades de golo – e em concretizar as poucas que tem criado. Seguramente que Jorge Jesus já identificou o que tem de mudar. Ou seja, Doumbia e Bruno Fernandes, nesta altura da época, tem de estar no onze inicial. De outra forma, arriscamo-nos a ter dissabores, porque os jogos não se ganham só com boas defesas – exigem também que se marquem alguns golos. Até agora sofremos zero golos e marcámos três, à média de um por jogo. Um campeão só o é com uma defesa de betão e a marcar, por jogo, uma média de 2,5 a 3 golos.

Contra o Desportivo das Aves fora fizemos um jogo enfadonho, mas seguro. O Aves não teve nenhuma oportunidade, quase não passou do seu meio-campo e quando o 0-1 se ameaçava arrastar até ao final, deixando sempre a dúvida se num lance fortuito não poderia surgir o empate, um mau alívio da defesa avense colocou a bola em Gelson Martins que não perdoou. Uma vitória justíssima, sem discussão, mas sem brilho.

Seguiu-se o jogo com o Setúbal e mais uma vez se constatou a solidez defensiva da equipa. O Setúbal não criou nenhuma oportunidade e passou sempre a ideia que a sua única ambição era sair de Alvalade com um ponto. Bruno Paixão, que já tinha perdoado um empate aos sadinos por uma falta na sua área sobre Coates, teve a coragem de assinalar um penálti indiscutível aos 87 minutos, que Bas Dost converteu. Ganhámos justamente por 1-0 mas ficou claramente a ideia de que estamos a ter enormes dificuldades em criar oportunidades de golo e, mais ainda em concretizá-las.

O jogo com o Steaua de Bucareste era um teste de maior exigência, mas mesmo assim desta vez, pensávamos nós, os deuses do futebol estavam connosco, tendo afastado da nossa frente, por uma incrível conjugação astral, as equipas mais fortes no play-off da Champions. Pois o jogo de terça à noite em Alvalade provou que temos um osso muito duro para roer se queremos entrar mesmo na Champions. E sim, como disse Jesus, é bom não ter sofrido golos. Mas é péssimo não os termos marcado. Sim, lá podemos marcar um. Mas se eles marcam dois, a jogar perante o seu público, que lhes dará um apoio fanático?

O que este último jogo confirmou foi que:

1) Piccini não é defesa direito para o Sporting. Esperemos que o Stefan Ristovski seja bem melhor. Mas já agora, não haverá na equipa B ninguém melhorzinho para o lugar do que o Piccini?! É que o Piccini, valha-nos Deus!;

2) o centro da defesa parece estar a tornar-se de betão e Mathieu é um grande, um enorme reforço. Corta, desarma, não inventa, vai à frente, puxa pela equipa e tenta mesmo o remate. Dou a mão à palmatória de novo: Mathieu é um excelente reforço;

3) do lado esquerdo, não se percebeu a aposta em Coentrão para o jogo com o Steaua. Se não estava em condições nem tinha sido convocado como é que aparece a jogar? E o certo é que mostrou que não estava em condições: não houve piques, centros de jeito, remates e foi pelo seu lado que os romenos podiam ter chegado ao golo numa bola que saiu juntinho ao poste direito de Patrício. Neste momento, Jonathan Silva está melhor que Coentrão e dá mais garantias;

4) no meio-campo, enquanto não sabemos se William fica ou não, sabemos seguramente que Adrien não está em forma ou então está com a cabeça noutro lugar. Longe da exuberância e da assertividade que já mostrou em épocas anteriores, Adrien está, neste momento, claramente abaixo da forma de Bruno Fernandes, que tenta mais e melhor o golo e que faz passes bem mais perigosos.

5) Finalmente, no ataque, eu gosto muito de Podence, mas até agora a sua eficácia em matéria de golos foi nula. Com Doumbia em campo, a defesa da equipa adversária está sempre mais em causa.

Por tudo isto, e por o Sporting estar num ciclo de jogos importantes (e o da Champions é decisivo) espero eu e todos os sportinguistas que Jesus não invente contra o Guimarães nem contra o Steaua em Bucareste. A equipa inicial tem de ser esta: Patrício; Piccini (que remédio…), Coates, Mathieu e Jonathan; Battaglia, Bruno Fernandes, Acuña e Gelson; Doumbia e Bas Dost. É o melhor onze que temos neste momento, o mais perigoso, o que pode causar mais estragos ao adversário, o que marcará golos sem qualquer dúvida. De outra forma, arriscamo-nos a começar a perder pontos em Guimarães e a dizer adeus à Champions mais uma vez. Bom, e se o William não for vendido, claro que entra de caras para o lugar de Battaglia e a música passa logo a ser outra.

Vamos repetir todos juntos para Jorge Jesus ouvir: sem Bruno Fernandes nem Doumbia não vamos lá!»
(Nicolau Santos, Tribuna Expresso)

Partilho na generalidade o pensamento de Nicolau Santos, embora prefira pintar os quadros de Cristiano Piccini e Adrien Silva de um cinzento moderado em vez do negro puro, duro e radical que utiliza. De qualquer forma serão, um e outro de braço dado com Daniel Podence, três cinzentos a berrar demasiado com as necessidades actuais da equipa. Amanhã poderemos ver o quadro alterado, mas neste momento não trocaria o certo pelo incerto...

Seja como for, a equipa não poderá repetir Alvalade amanhã à noite em Guimarães, sob pena de vermos criado um ambiente pouco conveniente, tanto para a deslocação à Roménia, quanto para a manutenção de um clima de esperança no nosso campeonato.

Tropeçar no arranque não seria nada positivo!...

Leoninamente,
Até à próxima

4 comentários:

  1. Daniel Podence nada tem de cinzento porque, ainda que esteja longe de ser um finalizador nato, é, depois de Gelson, provavelmente o melhor desiquilibrador. Podence é um jogador muito diferente de Doumbia, com características que, em determinados momentos do jogo (e.g. quando a defesa adversária está desgastada e/ou necessitada de subir frequentemente no terreno) podem servir para criar oportunidades claras de golo.

    Compete JJ estudar bem os adversários antes e durante os jogos, e escolher adequadamente o sistema de jogo e respectivos interpretes. Recursos humanos seguramente não faltarão para levar de vencida os próximos dois jogos e, dada a valia dos adversários em causa, creio que os desempenhos individuais de Cristiano Piccini e Adrien Silva por si só não serão um problema por aí além.

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    1. Só um tolo seria capaz de definir Daniel Podence como "jogador cinzento"! Não defini assim o jogador, apenas o quadro em que tem actuado ultimamente, decorrente de muitos condicionalismos a que o treinador não é estranho e perante os quais o jogador será o menos culpado...

      Mas se o caro Bruno me permitir, devo alertá-lo para o facto de a minha forma de escrever talvez seja a culpada de interpretações que jamais terão estado no meu espírito. Talvez a culpa seja minha...

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  2. Alamo,
    Não foi este amigo Nicolau que à uns tempos escreveu que o Mathieu era lento? Agora já diz que é bom..enfim. Vai comentando ao sabor dos jogos.
    Eu como ele também gosto de mandar bitaites. Ri-me quando ele disse que o menino faz poucos golos, amigo Nicolau, ele nunca fez muitos era agora que os ia fazer? E mais lhe digo, JJ que é o encefalico da coisa tem ai o seu maior equívoco, o menino nunca pode jogar ali em jogos com adversarios que joguem com linhas muito baixas.O seu domínio de bola ainda não está devidamente maturado. Saiba que onde o vi fazer melhores jogos foi a extremo esquerdo usando a sua principal arma, desiquilibrar com o seu poder de arranque e fazer assistências, fazer golos não é a sua praia.
    Os grandes treinadores não são aqueles que impõem o seu modelo de jogo aos jogadores,são aqueles que tiram o melhor dos seus jogadores em prol de um modelo de jogo.
    Abraço
    PS- Ainda vou ler aqui que o amigo Nicolau acha que o Piscinni não é assim tão mau como ele dizia.

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    1. Amigo João Antunes, não venho aqui e agora fazer a defesa de Nicolau Santos, nem de qualquer adepto sportinguista que, como eu, vamos comentando ao sabor dos jogos, perante quem, como o meu querido amigo e grande sportinguista, vem acompanhando o talento que brota da nossa Academia, quase desde o berço. É natural portanto que os treinadores de bancada que todos somos, comentemos exibições menos conseguidas dos nossos leões, quantas vezes colocados em posições que, como o amigo diz e bem e com conhecimento de causa, nunca serão a sua praia, como no caso mais flagrante de Daniel Podence.

      Nicolau Santos não será um "expert" em futebol, como eu não sou e muitos milhares de adeptos sportinguistas não são. Os seus comentários terão sempre a particularidade de serem o espelho do adepto: quando o Sporting ganha são todos bons, quando não ganha levam com críticas pela cabeça abaixo, porque se de alguém terá de ser a culpa, o caminho mais curto será atirá-la para cima dos pobres que por lá andam dentro dos relvados! Porém, terás toda a razão meu amigo, o maior culpado de muitas incongruências que se notam na equipa do Sporting é apenas um, Jorge Jesus, porque teimoso e casmurro, não faz o que muito bem dizes, "os grandes treinadores não são aqueles que impõem o seu modelo de jogo aos jogadores,são aqueles que tiram o melhor dos seus jogadores em prol de um modelo de jogo". Mas é o que temos e a única coisa que podemos fazer será estrebuchar e soltar a raiva que resta em nós sempre que a equipa não corresponde ao que todos nós esperamos...

      Como Nicolau, também não vi com bons olhos a chegada de Jéremy Mathieu, com quase 34 anos e a fumar os seus cigarritos, coloquei os meus dois pés atrás. Hoje, pelo que temos visto, terei de dar a mão à palmatória e aplaudir os dois anos de contrato que o Sporting lhe ofereceu: trouxe a estabilidade que há muito não sentíamos na nossa defesa, tem bons pés na construção de jogo, percorre quilómetros e quilómetros ao longo dos 90 minutos, está sempre onde é preciso e até bicicletas faz na grande área adversária e, "last but not least" é dono e senhor de uma garra tremenda que lhe permite empurrar a equipa para a frente a galvanizá-la como talvez só tenhamos visto Adrien Silva fazer. Por mim, se aguentar esta pedalada, estou rendido ao seu futebol e já esqueci os cigarritos e os 34 anos.

      Sobre Cristiano Piccini que não conhecia, terei mais reservas, mas vou aguardar com calma a sua evolução e a luta que certamente irá travar com Stefan Ristovski pela lateral direita, luta essa de que só o Sporting ficará a ganhar...

      Um grande abraço e muito obrigado pelos teus comentários, que cada vez mais aprecio e considero.

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