quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Nesta época "é simples a opção: ganhar ou ganhar"!...


JESUS NÃO TEM MARGEM DE ERRO

«Voltam este fim-de-semana as emoções para quem é adepto do desporto-rei. A bola vai rolar e o talento vai soltar-se. Era bom que só os artistas fossem as estrelas e houvesse menos barulho em torno de um fenómeno que atrai muitas moscas que só fazem zumbidos e o prejudicam.

Quem é o favorito? Os três do costume. Pode haver surpresas, mas não me parece que este ano seja marcado por intromissões. Benfica e Sporting reforçaram-se (apesar de ainda precisarem de alguns retoques), Porto ganhou nova alma com Sérgio Conceição.

Quem está obrigado a ganhar? Todos os três citados, pelo seu estatuto e palmarés, têm apenas um objectivo: ganhar. Não haverá clemência nesse desígnio. "Os arpoadores piedosos nunca dão bons viajantes, a piedade tira-lhes o tubarão que têm dentro deles: um arpoador que o não tem não vale uma palha", escrevia Melville em "Moby Dick", e os três grandes são predadores. Nunca perdem a fome de títulos.

Dizem que o campeão parte na frente, porém, o Benfica deu sinais preocupantes. Facturou muito, mas não soube substituir as pedras que vendeu. O último reduto não está inviolável e Ederson, Nelson Semedo e Lindelof deixam saudades. Fejsa, Pizzi e Jonas não bastam para tapar insuficiências e a equipa não está fluída no seu jogo.

A Norte, há um Porto que comprou pouco ou nada, com um suplemento de confiança dado pela vitamina Sérgio Conceição. A estabilidade é o seu maior trunfo, uma linha defensiva sólida que permite a explosão de dois terrores na grande área como Soares e Aboubakar ameaçam ser.

O meu Sporting parte com mais um esforço para dar a Jorge Jesus tudo o que ele precisa. Falta um lateral direito e mais um central, mas até as saídas previsíveis, William e Adrien, foram colmatas em tempo devido com Battaglia e, sobretudo, Bruno Fernandes, a melhor contratação do futebol português para esta temporada, um prodígio na leitura de jogo.

Assim sendo, enquanto Rui Vitória já ganhou duas vezes e pode ter tolerância, para já, por partir mais fraco; enquanto sem reforços Sérgio Conceição, desde que batalhe e apresente futebol atractivo e de ataque, pode sossegar o Dragão; em Alvalade, Jorge Jesus, um treinador que muito admiro, não tem margem de erro. Em três anos deram-lhe tudo, agora não pode vacilar. Simples a opção: é ganhar ou ganhar.

Quem vai ganhar o campeonato? Cada leitor quer que ganhe o seu clube, eu desejo que em Maio o meu faça a festa no Marquês. Mas não sou sibila nem contrato bruxos, aguardarei. Se quiserem antecipar alguma coisa, perguntem ao Marques Mendes, o Zandinga dos tempos modernos, pode ser que ele adivinhe.

PS1: No meu segundo artigo no Record, perguntei se "Vale um homem 100 milhões?". Neymar vale 222. Não gosto, considero obsceno, é tempo de parar para pensar no manicómio em que o mercado do futebol se tornou.

PS2: por decisão pessoal o autor não escreve de acordo com o novo acordo ortográfico.»
(Rui Calafate, Factor Racional, in Record)

Racionalmente, uma "escanhoadela" razoável em barba por fazer há dois anos: "Jorge Jesus não tem margem de erro". Aceito, embora a minha lâmina apresente um fio mais cortante. A minha admiração em relação às competências de JJ, sendo também elevada, não chega para camuflar os erros de palmatória, nomeadamente em termos comunicacionais mas não só, que lhe vi acumular neste seu trajecto leonino, já não tão curto quanto isso. Porém, eu também desejo que em Maio, o Sporting faça a festa no Marquês e que todos os sportinguistas façam as pazes com Jesus!...

Ontem os deuses terão dado uma mãozinha ao Sporting e a Jorge Jesus: uma boa parte do caminho para a Champions alguém já a fez por nós! Mas seria a maior das idiotices que os jogadores e muito particularmente o técnico leonino, não agarrassem com todas as mãos, os pés, a cabeça ou uma outra qualquer parte do corpo, essa dádiva divina. Absolutamente ao contrário daquilo que JJ sempre pensou e sempre fez por propagandear aos quatro ventos, não há a mais pequena incompatibilidade entre a Liga dos Campeões, Liga Europa e a Liga doméstica. Alicerçar as vitórias de amanhã sobre as derrotas calculadas de hoje, para além da negação da essência de qualquer desporto, será um convite ao facilitismo e ao negativismo da hierarquização dos desafios colocados aos atletas que, tarde ou cedo hão-de repercutir-se no seu desempenho.

Que a Jorge Jesus tenha servido definitivamente de lição na temporada passada, que o abdicar de Liga Europa não o conduziu ao título de campeão. Muito pelo contrário, talvez tenha começado aí o caminho para o inêxito...

Nesta época "é simples a opção: ganhar ou ganhar"!...

Leoninamente,
Até á próxima

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