quinta-feira, 15 de junho de 2017

Uma terceira edição de Giovanni Falcone e Baltazar Garzon!...


O FUTEBOL (PORTUGUÊS) É ISTO MESMO

«Francisco J. Marques, o director de Comunicação do Porto, não é nenhum amador desesperado, não está – como é evidente – sozinho e aqueles que chamam aos acontecimentos das últimas semanas depreciativamente "a novela dos emails" não estão bem a ver o que está a acontecer. Trata-se de uma série de produção sofisticada com vários episódios. Ainda só vimos dois.

O assunto é sério, ou configura ser sério, e deve ser levado até às últimas consequências. O que vai ser apurado? Ninguém sabe, porque a informação é mais escassa do que parece no ruído das televisões. É aí, no palco mediático, que a luta das próximas semanas será travada. Corrupção gritarão uns, talvez (talvez...) pequeno e médio tráfico de influências dirão outros com bonomia e à boca pequena, ou "isto não interessa nada" , sobretudo se nos lembramos do Apito Dourado, rematarão os situacionistas.

Andaremos assim no país campeão da Europa até a bola rolar e, a única forma de o impedir, seria um processo célere na justiça, o que é o equivalente a dizer que o Mundial’2018 será na Lua e não na Rússia.

Não terá sido por acaso que este caso começou por Pedro Guerra, sabe-se que ele desperta mesmo entre os benfiquistas muitos ódios, não terá sido também por acaso que na terça-feira passada visou um homem que, não tendo a mesma exposição pública, se sabe nos meandros do futebol que é muito próximo e muito influente junto de Luis Filipe Vieira.

Não me surpreenderia se, na próxima semana, a escalada continuasse atingindo já de forma mais directa e clara o coração do futebol do Benfica. Estrategicamente é o que faz sentido e parece existir uma linha estratégica poderosa nesta actuação do Porto com o intuito de provar que o Benfica, mais do que exercer influência, controla de facto o futebol português.

O tetracampeão, que até ao momento tem desvalorizado o tema, tem de procurar uma resposta contundente. Institucional, mas contundente e clara. Desta vez o silêncio de Luís Filipe Vieira pode ser ensurdecedor.

Responder nas televisões, com o nível médio dos comentadores que lá andam, não será de uma grande eficácia. É estar à defesa. As informações divulgadas, aparentam gravidade, mas não permitem ainda nenhuma conclusão definitiva. Nem teriam que permitir, por isso Ministério Publico e justiça desportiva estão em campo. O pior é se a Justiça, como é tristemente hábito, leva um tempo infinito e no fim não chega a nenhuma conclusão. É o mais provável.

Alguns dados, no entanto, não têm discussão: o futebol português continua este lamaçal onde a cunha, o favor, a influência estão enraízadas; Pedro Guerra (que é um homem inteligente e possuidor de muita informação) prestou-se a um triste papel na defesa que tentou fazer na TVI24; a informação é relevante – tem interesse público –, mas os responsáveis da comunicação do Porto deverão explicar às autoridades a forma como acedem a contas de correio electrónico que estão, presume-se, protegidas.

Se alguém achava que a animação de Verão ficaria por conta das entradas e saídas, aí temos um novo e sensacional acontecimento. Se é que é tão novo assim.

Um país à venda

O frenesim com que os dirigentes dos grandes, com o Benfica na frente de forma destacada, estão a agir para colocar no mercado os seus melhores jogadores (e até alguns medíocres) é a prova provada que a Liga portuguesa – não confundir com o futebol português - está condenada a uma III Divisão Europeia depois dos gigantes, mas também atrás de França, Turquia e até Grécia. É lamentável. Benfica, Porto e Sporting nunca teriam poder para impedir que os seus melhores valores fossem recrutados, por exemplo, para a Liga inglesa, mas o quase desespero que resulta de sociedades deficientemente geridas, onde se compra sempre muito e muitas vezes a valores totalmente inexplicáveis (veja se o tráfego Benfica-Atletico de Madrid) obriga a que todos os anos se vendam, desde logo os melhores, sendo que na lista de entradas a qualidade média é muito duvidosa. Vamos a números: de acordo com um levantamento do ‘Mais Futebol’, feito no início do mês, o Benfica tinha 20 jogadores para colocar, o Porto 30. Houve desenvolvimentos, mas ainda há muito trabalho (e muitas comissões) pela frente. Entretanto imenso dinheiro foi desbaratado...»
(Nuno Santos, Ângulo Inverso, in Record)


Esta crónica de Nuno Santos, retirados aqueles milhões de adeptos benfiquistas utlizados no argumentário das acções interpostas pelo Benfica, uma contra Jorge Jesus e outra contra o Sporting, exigindo indemnizações ao nível dos números da sua dívida e do seu passivo, não surpreenderá os restantes e insignificantes milhões que sobram entre as desprezíveis falanges de apoio do Sporting, Porto e restantes clubes - abstencionistas! - da causa do futebol podre que, por enquanto, ainda vamos tendo em Portugal, não se sabe até quando!...

É um exercício inteligente e linear, que respeita a inteligência e a estratégia de quem se abalançou a desafiar os cornos do touro em plena arena ou, se preferirem, os tentáculos do polvo no seu próprio ambiente e, porque o seu autor fez questão de o sublinhar, "como é evidente, não estará sozinho", não sendo de modo nenhum despiciendo situar como condição "sine quq non", a reaproximação Porto/Sporting para o despoletar da "bomba atómica", a cuja deflagração assistimos agora, contrariando a física nuclear, de modo fraccionado a que quase apetece chamar, cínico e terrívelmente masoquista, num inusitado e surpreendente método de  "conta-gotas", que deixará arrepiado quem outra alternativa não terá que viver dramaticamente obcecado, angustiado ou mesmo aterrorizado ante a perspectiva dos efeitos que resultarão da próxima gota!...

Mas haverá um pequeno e, quiçá insignificante (ou não) ponto em que não estarei, rigorosamente, de acordo com NS, consubstanciado no facto de ele julgar como inevitável que "os responsáveis da comunicação do Porto deverão explicar às autoridades a forma como acedem (acederam) a contas de correio electrónico que estão, presume-se, protegidas". Com o devido respeito pela opinião de NS, julgo que estará a esquecer que a "candeia que tem ido à frente neste escabroso processo" tem sido a tão propalada e importantíssima "denúncia anónima", que não terá de responder perante ninguém sobre a forma como acedeu às contas do correio electrónico e que, com a mesma facilidade com que fez chegar a denúncia às altas instâncias judiciais e federativas, as poderá muito bem ter feito chegar às Antas ou a qualquer outro local, limitando-se Francisco J. Marques a ser mera câmara de eco, como outra qualquer entidade o poderá vir a fazer e a corroborar amanhã, sem que alguma vez alguém lhes possa perguntar por contas!...

Julgo que à dimensão e qualidade do plano estratégico que estará a ser seguido, para desconstruir de vez o "pântano recentemente instituído no futebol português", com as consequências hegemónicas que todos facilmente podemos constatar, teremos que dar o "benefício da dúvida" de não ser tão coxo quanto NS parece dar a entender que o vê.

Já quanto à probabilidade que aventa, de "a Justiça, como é tristemente hábito, levar um tempo infinito e no fim não chegar a nenhuma conclusão", infelizmente, ver-nos-emos todos obrigados a afinar pelo mesmo diapasão!...

A menos que estejamos guardados para assistir entre nós a...

Uma terceira edição de Giovanni Falcone e Baltazar Garzon!...

Leoninamente,
Até à próxima

5 comentários:

  1. "Parece que já estou a escutar" a resposta que deu o romeiro do filme Frei Luis de Sousa, neste caso "aplicado" ao Francisco J Marques...

    "Quem foi que te deu os e-mails..."...?

    E ouve-se uma voz com "prenuncia do Norte"...

    "Ninguém..."...!!

    SL

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    1. O problema será quando vier a pergunta seguinte:

      "Quem te autorizou a divulgação de e-mails privados..."...?

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    2. Ao "anónimo das 23:17" apenas direi que me acompanham fortes reservas sobre se à PGR e ao MP interessará assim tanto colocar essa questão ou, pelo contrário, entenderá a denúncia como a parte mais relevante deste tenebroso e escabroso imbróglio! Se eu pessoalmente, estivesse investido das funções de decisor, não teria dúvidas...

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  2. Não creio que em Portugal exista gente (sobretudo juizes...) com os "tomates" necessários para fazer uma investigação séria a este caso de evidente corrupção no sentido lato do termo. Ninguém tem a coragem de se arriscar a morrer atropelado por um qualquer adepto do benfica como também ninguém quer ser passado para a equipa B como o Baltazar o foi aqui na Espanha! A RTP (estive a ver o Grande Área!!!) já está a sugerir temas de desculpa ao Benfica. O Helder Postiga até se parecia com um antigo jogador do Venfique! Do Bruno Prata que entendo mal quando fala (se se pode chamar falar a isso...) admirei-me porque alguém me disse que ele era sportinguista!

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    1. Dois pontos apenas em resposta ao amigo Aboim Serodio.

      1 - Antes de Baltazar Garzon surgir na ribalta, ninguém em Espanha admitia que aparecesse. Mas apareceu. E a Justiça espanhola fez o que fez. Mas não conseguiu que o povo espanhol deixasse de o admirar. Foi a sua vitória e poderá acontecer o mesmo em Portugal. Talvez já o mereçamos!...

      2 - Quem disse ao meu amigo que Bruno Prata era sportinguista, é mentiroso. Palavra de Leão!...

      Abraço e muita saúde.

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